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11/ 12/ 2017

Doença na família leva Érica Colen a reencontrar a essência de sua arte

O dia 5 de outubro de 2012 é recheado de significados para a artista plástica Érica Colen, autora da mureta Olhar sobre Santos, instalada nos jardins da praia do Gonzaga, em frente à Rua Jorge Tibiriçá.

No clima de festa em comemoração ao seu aniversário, a mãe recebeu o resultado de um exame, acusando a existência de um câncer. “Ela hoje está ótima e minha vida mudou”, resumiu a artista plástica santista, formada pela PUC Campinas, que até aquele ano havia trabalhado em agência de turismo e exercido o cargo de ombudsman do Litoral Plaza Shopping.

 

Acompanhando a mãe no hospital A.C. Camargo, na capital, durante o tratamento e cirurgia, ela resolveu aceitar o desafio de Fábio Luiz Salgado, profissional de coaching para artistas. “Eu, que já queria voltar ao mercado da arte, levei para o hospital papel e canetas hidrocor, e transformei o quarto em ateliê”.

 

Peixes de inspiração

O que era, em princípio, apenas um entretenimento para a mãe, acabou por se transformar em sua marca registrada. “Não copio. Crio por inspiração. No início, eram figuras lúdicas, infantis, relacionadas ao mar, algo que atribuo ao meu pai, que era comandante de navio petroleiro. Mas depois começou a surgir, muito forte, a figura de peixes”, reconhece Érica.

 

Da porta do banheiro, onde eram presos com esparadrapo para alegrar o ambiente, os desenhos foram parar em sua página do Facebook. E começaram a receber elogios. “Eu pensava ‘nossa, que gente doida’. Mas aí uma amiga me incentivou a fazer uma exposição”. Uma curadora brasileira radicada em Paris (França) conheceu seu trabalho, convidou-a pelo Face mesmo, em abril de 2013, para uma seletiva internacional e Érica viu sua obra, de pequenas dimensões, ser impressa, dois meses depois, em uma tela grande, em Paris.

 

Feliz coincidência

E o destino ainda lhe pregou uma peça: a artista também foi aprovada na seletiva para uma noite beneficente no Carrousel du Louvre, galeria no subsolo do museu parisiense, em prol de dois centros médicos para tratamento de câncer. “O meu era o único trabalho produzido em um hospital de câncer”, emociona-se, ao lembrar.

 

Depois vieram Berlim (Alemanha), além de Miami, Nova Iorque e Dallas (EUA), entre outras cidades. Para quem diz que ela só sabe fazer peixe e guarda-sol, Érica comenta até ter feito estudos, em desenho e lápis de cor, com folhagens estilizadas. Mas o resultado não a agradou. “Meu ciclo com elementos do mar ainda não se fechou”, reconhece, e todo dia agradece o presente de ver sua mureta no jardim da Praia do Gonzaga, bem em frente à rua onde mora.

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