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26/ 11/ 2020

Tradição e criatividade: FeirArte da orla de Santos completa 50 anos

Um verdadeiro circo mambembe a chegar na praça para ser montado e dar início ao grande evento. É dessa forma que a artesã Maristela Henrique Silveira, 50 anos, define a FeirArte - Feira de Produtos Artísticos e Artesanais, que nesta quarta-feira (25) completa 50 anos de tradição na orla do Boqueirão, em frente à Avenida Conselheiro Nébias. A edição realizada na Praça Caio Ribeiro de Moraes e Silva, em frente ao Sesc, no Aparecida, também tem mais de três décadas - 33 anos.

Para comemorar a data, no próximo domingo (29 de novembro), os permissionários levarão bolo para cantar parabéns na praça do Sesc. Organizada pela Secretaria de Finanças (Sefin), o evento é realizado aos sábados e domingos, respectivamente na orla do Boqueirão e no Aparecida, das 16h às 22h. Com 156 expositores, devido à pandemia, atualmente média de 65 artesãos e criativos gastronômicos participam da feira, respeitando as medidas de prevenção à covid-19.

São barracas de artesanato, bijuterias, roupas, sapatos, bolsas e artigos esotéricos, além de praça de alimentação. Em meio século da famosa ‘feirinha hippie’, 31 deles têm a participação de Maristela, que atualmente faz arte urbana com materiais recicláveis. “A praça está vazia e, quando a gente chega com as ferragens, ela se transforma. Mesmo com as vendas na internet, a essência dos criativos em barracas prevalece no século 21. A FeirArte faz parte do turismo da Cidade, que é celeiro de artistas e artesãos”, diz ela, ressaltando a recente revitalização da Praça Caio Ribeiro de Moraes e Silva.

HIPPIES E RESISTÊNCIA

A história da feira, ela bem conhece. Segundo Maristela, tudo começou no final de 1970, com 15 hippies sentados no calçadão da praia do Boqueirão vendendo bijuterias, como brincos, colares, pulseiras, anéis e artesanato. “Aos poucos, ela foi crescendo e hoje somos umas das comunidades de criativos mais antigas do País. Eu abracei a FeirArte, é um vício para mim”, completou a professora aposentada, que já trabalhou com cerâmica branca e sino dos ventos.

Permissionária há 13 anos, Cássia Farias, 48, do Embaré, começou com bijuterias e agora vende acessórios em tecido para cabelo. Para ela, ‘resistência’ é a palavra que expressa os 50 anos do evento. “Tenho amor incondicional pela FeirArte. Na pandemia fizemos várias postagens no Instagram (@feirartesantos). Além de vender meus produtos, que ajudam no orçamento em casa, aqui me sinto bem. Muita gente formou seus filhos trabalhando na feira”.

Sofia Rey Ribeiro, 9, do Campo Grande, foi pela primeira vez na feira do Aparecida com a mãe, no último domingo (22). Seu propósito: fazer um tererê no cabelo. “É a primeira vez que faço um tererê. Minhas amigas já tinham feito e eu achei bonito. Gosto de artesanato, é muito diferente. Achei maravilhoso o meu e estou amando a feira”. Já sua mãe, a farmacêutica Daniela Rey, 45, conta que “vinha quase todo fim de semana” passear no local.

Na barraca do artesão Rodrigo Escorse, 39, bons ventos sopram. Afinal, ali, há 7 anos, ele comercializa sino dos ventos, além de pulseiras e colares, muitas dos quais criados durante a feira pelas suas mãos. “Tem gente que prefere a peça feita na hora, então eu faço. Eu vivo disso, trabalho a semana toda produzindo para vender no fim de semana”.

A criatividade também acontece na parte gastronômica da feira. Na barraca do permissionário Luiz Fernandes, há 32 anos no local, há arte em forma de doces. “Cada dia que passa isso aqui está melhor. É uma feira importante e a gente depende daqui”.

Na barraca Toca da Baiana, Joana Sousa Galdino, 69, leva um pouco da cultura nordestina aos clientes com a venda de acarajés. Natural de Salvador (BA), ela mora em Santos desde os 12 anos e há 35 trabalha na feira. “Criei meus filhos aqui, vivo disso e a cada dia a gente procura fazer o melhor”.

 

FOTO: Anderson Bianchi

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